Apocalipse 1:1-5
1Ao anjo da igreja em Éfeso escreve: Estas coisas diz aquele que conserva na mão direita as sete estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros de ouro: 2Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança, e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos; 3e tens perseverança, e suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer. 4Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor. 5Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas.
Compreendendo o primeiro amor
Foi quando aceitamos as boas-novas de salvação, o evangelho, e nos entregamos a Cristo, que operou-se em nós o novo nascimento. Nessa época, recebemos o Espírito de Deus em nosso espírito humano e ocorreram muitas, e variadas, mudanças em nós. Passámos a ver o mundo, e a vida, de forma diferente, pois afinal havíamos nascido para as coisas espirituais e iniciámos um verdadeiro e sincero relacionamento de amor com Deus.
Nesse início de nossa experiência com Deus havia em nós uma apetência cada vez maior pelas coisas espirituais. Naquelas circunstâncias, o nosso conhecimento bíblico e a nossa relação pessoal com Deus cresceram expressivamente. Foi exactamente nesse contexto do primeiro amor que edificamos as principais bases da nossa vida cristã.
Para compreendermos melhor a importância do primeiro amor, temos que nos lembrar que a nossa conversão representou o rompimento com uma maneira de viver e o assumir de uma nova maneira, significativamente diferente. Não teríamos conseguido fazer essa transição tão marcante se não fosse pela força do primeiro amor.
O primeiro amor foi suficiente para prover fé, interesse, motivação, ânimo, força, impulso, e tudo aquilo que precisávamos para edificar uma vida espiritual consistente. O primeiro amor também foi decisivamente forte nos momentos em que tivemos de abandonar as coisas reprovadas por Deus. Reconhecemos, portanto, que foi pela força do primeiro amor que nos tornámos verdadeiros discípulos de Cristo.
Com o ímpeto do primeiro amor, assumimos um sério comprometimento com a causa de Cristo. A nossa maneira de ser e viver sofreu grandes alterações e passámos a servir a Deus determinadamente. Aprendemos também a defender a fé cristã, a suportar as perseguições, e demonstrámos solidez ao não recuarmos diante de ameaças e sofrimentos.
Depois de algum tempo, entretanto, estando servindo a Deus fielmente, com muito empenho em Sua obra, é possível que tenhamos caído na armadilha de deixar de lado justamente aquilo que impulsionou todo o nosso relacionamento com Deus: o primeiro amor.
O abandono do primeiro amor
Enquanto servimos na obra de Deus, lidámos com muitas coisas extremamente desgastantes. As lutas e pressões da obra de Deus podem nos envolver de tal forma que, sem percebermos, o primeiro amor é abandonado. Se não vigiarmos, os desafios e complexidades da vida cristã ocuparão tanto espaço em nossas mentes e corações que já não haverá espaço para a presença do primeiro amor.
A igreja em Éfeso, conforme o texto de Apocalipse, era fiel na realização da obra de Deus, mas tinha deixado algo importante para trás. Lutaram muito para conservar a integridade na igreja, mas se esqueceram de algo que para Deus tem muito valor: o primeiro amor. As pressões da obra foram tão sufocantes que eles não conseguiram manter o primeiro amor.
Lembre-se que as coisas aqui na terra não são perfeitas. A igreja, aqui na terra, também não é perfeita. Assim, as frustrações tentarão invadir e ocupar os corações daqueles que servem a Deus. Lembre-se também que o mundo espiritual é real e que a luz está a romper com as trevas. Não desanime. Nós estamos no meio de uma guerra e, de certa forma, somos os principais intervenientes. Portanto, seja perseverante.
As decepções com pessoas, as desilusões com o ministério, as perseguições de dentro e de fora da igreja, e outras questões sensíveis da vida cristã, têm feito com que muitas pessoas sinceras se entreguem à apatia espiritual. Algumas dessas, ainda assim, continuam a fazer a boa obra, porém, estão a trabalhar sem o ingrediente principal: o primeiro amor.
Restaurando o primeiro amor
O ideal era que nós nunca perdêssemos o primeiro amor, pois assim poderíamos sempre correr a carreira cristã sob a influência deste grande poder. Entretanto, essa situação ideal não é o que tem prevalecido na vida daqueles que se tornaram filhos de Deus. Em algum momento, de alguma forma, a grande maioria dos crentes têm, pelo menos uma vez, abandonado o primeiro amor.
A boa notícia é que há esperança para aqueles que abandonaram o primeiro amor! A questão, no entanto, é: como poderemos restaurar o primeiro amor em nossas vidas? Voltar às primeiras obras, sem a ajuda daquele impulso inicial do primeiro amor, será uma tarefa que exigirá muito esforço de nossa parte.
(Autoria: Sidson Novais)